sábado, 19 de agosto de 2023

Noite de estrelas encantadas. Era a visão do infinito enquanto só restavam as angústias a apertar o coração, fazer chorar. Ela inventava. Podia tocar o céu, inaugurar novas vidas, contar segredo às estrelas. As plantinhas,  árvores, flores ao seu redor eram companhias no afago da penumbra e da luz da rua. Sonhava amores, fartura, bons tempos. Refazia as conversas da escola. Revisitava seus amigos, seus amores, suas vergonhas, alegrias. Queria ser querida, sentir o amor das pessoas a sua volta. Sempre fazia o mesmo pedido em suas orações: ser feliz e fazer com que todos ao redor também fossem felizes, em uma onda infinita, que a felicidade fosse de todos. Pensava com todo o coração, desejava com toda força que descobrira possuir.

Tinha sorte. Sabia. Não tanto quanto um dia descobriria ter.

Era amada. Do jeito que podiam amar, que sabiam. Também não lhes havia sido ensinado. Faziam o melhor que podiam.

Logo a novela acabaria e a voz de sua avó ressoaria a lhe chamar, pela porta da varanda. A avó também compactuava do encantamento das estrelas. Abraçava apertado, pedia que nunca deixasse de ter aquela ternura pelas pessoas.