Há muito a ausencia nao trazia desespero, o subterraneo nao emergia à superfície e não se dava voz ao silencio.
Há muito não se queriam ouvir as vozes que sopram nos mais intimos e distantes abismos.
Só quando tudo cessa de se tecer na trama dos dias, é que se sente com a alma, se vê além do que se pode racionalizar, além de qualquer moral. É neste plano, e somente neste, quando nao se permite ser arrebatado pela vida, que se sabe quao audaz é o ser humano, tentando a todo momento traçar sentidos entre o nascer e o morrer, utilizando-se de seus sentires e privares para contruir estruturas solidas de ideias.
Mas o que deva ser logico foge sem cessar ao homem e sua condição finita. Sucumbem às eras todo traço humano já delineado.
Conceitos sao mortais, toda relação humana regida por ordens é apenas pó diante do brotar incessante dos sentimentos e da falta de linearidade da vida.
Pode-se amar um morto, mas ele está fora de toda e qualquer jurisdição social, ética ou moral.
Pode a ciência, aclamada como verdade absoluta, inventar curas para toda doença, mas ainda assim é preciso morrer, ainda assim há quem morra por sonhos, ideais.
A vida sempre corre depressa a quem pouco se interessa por seus surdos falares misteriosos.
A cada segundo há atores, em toda parte, vestindo e despindo-se de mascaras, tentando arrancar aplausos da plateia, antes que as cortinas se fechem. Rir e chorar é regra aos expectadores ao se tornarem um e mesmo com o personagem em cena. E assim, com teceres intrincados e enredos urdidos, os laços humanos ganham plenitude e superam o proprio humano.